O cão e o Lobo
Uma vez, um lobo esfomeado encontrou um cão gordo e bem alimentado. “Ah, Rover”, disse o lobo, “não vale a pena perguntar-te como tens passado, porque bem se vê que estás gordo e cheio de saúde. Só queria ser tão bem tratado como tu.” “Se me seguires”, disse o cão, “e fizeres o que eu faço, tenho a certeza de que a tua vida mudará para melhor e em breve estarás tão bem como eu”, disse o cão. “Só tens de afastar os mendigos, guardar a casa do dono e proteger a sua família. Em troca, dão-te boa comida e um tecto.” À medida que caminhavam, o lobo reparou que o cão tinha umas peladas à volta do pescoço. “Como fizeste isso?”, perguntou ele. “Não é nada”, respondeu o cão. “Não é nada. Talvez seja por causa da minha coleira, que tenho de usar para prender a corrente.” “Coleira?” murmurou o lobo. “Corrente? Não te deixam ir para onde queres?” “Bom, não”, concordou Rover. “Mas é assim tão importante?” “Importante?”, repetiu o lobo. “Claro que é! Prefiro ter metade de uma refeição e toda a liberdade do que a barriga cheia e o corpo acorrentado.”
Catarina Bastos