terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Lenda das Sete Cidades
Em tempos que já lá vão havia um pequeno reino escondido
nas brumas do oceano. Chamava-se Reino das Sete Cidades.
O clima ameno e a terra generosa tornavam as pessoas
 afáveis.Toda a gente se dava bem com os vizinhos, por isso no lugar dos muros surgiram canteiros de flores lindíssimas.
            Ali vivia uma princesa loira de grandes olhos azuis. Talvez por não ter irmãos, habituou-se a passear sozinha percorrendo montes e vales.
            Certo dia, quando descansava à beira de um regato, ouviu uma música suave pairando no ar. Curiosa, procurou descobrir de onde vinha aquele som. Seguiu por uma vereda sombria até ao alto da montanha e lá em cima o que havia de encontrar? Um pastor soprando na sua flauta de cana, jovem e belo como nunca conhecera outro. Ele ficou envergonhadíssimo, pois só costumava tocar para as ovelhas não se afastarem do rebanho. A princesa pediu-lhe que continuasse. Apesar do embaraço, fez-lhe a vontade. Começou pelas melodias que aprendera com o pai. Depois deu largas à imaginação, ao talento, e imitou o canto dos pássaros, o assobio do vento, as ondas do mar. A princesa escutou maravilhada. No palácio real apareciam músicos famosos, mas nenhum tocava assim.
            Quase não falaram, a princesa e o pastor. Apaixonaram-se perdidamente.
            Pobre princesa! No ano seguinte foi pedida em casamento. O pai anunciou-lhe que depois de grandes festejos iria viver no palácio do reino vizinho. Ela ficou louca de desgosto. Mas nesse tempo as ordens do pai cumpriam-se sem réplica.
            De madrugada correu até ao cume da montanha para um último encontro com o pastor. Choraram tanto que ali surgiram duas grandes lagoas. Uma de água azul como os olhos da princesa. Outra de água verde como os olhos do pastor.



Catarina Bastos